Birthday

Os antigos cubos com letras inscritas nas faces são peças de um dos mais tradicionais jogos didáticos infantis.
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Felizmente, o lúdico e a infância nunca nos abandonam. Na imagem abaixo, velas de aniversário fazem um papel similar ao dos tradicionais cubos com letras. O jogo é de autoria de Rodrigo Miragaia, que usou as velas do próprio aniversário, que formam a expressão happy birthday, para criar novas expressões. Miragaia é editor da revista Big Ode: Poesia e Imagem – Lisboa (http://www.big-ode.blogspot.com).
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Doublets

Lewis Carroll (pseudônimo de Charles Lutwidge Dodgson - 1832-98), escritor, matemático e fotógrafo amador inglês, mais conhecido pela obra Alice no país das maravilhas, foi um criador de diversos jogos de palavras.

Uma dessas criações de Carroll é o word puzzle denominado Doublets, publicado pela primeira vez em 1879, na revista Vanity Fair. O jogo consiste na proposição de duas palavras para que se estabeleça uma conexão entre elas, de modo que uma se converta em outra, mudando apenas uma letra de cada vez. Cada mudança de letra deve formar uma nova palavra (existente no vocabulário, e excetuando-se nomes próprios). O número de conexões é dado. Um exemplo simples: de DOOR deve-se obter LOCK, com três conexões.

Brincando com a comida

Provavelmente, a carioca Luiza Prado, quando criança, deve ter ouvido muito a mãe dizendo para parar de brincar com a comida... Luiza criou um alfabeto manipulando alimentos sobre pratos. Abaixo, algumas letras desse alfabeto (imagem adaptada; originais em http://www.flickr.com). Em seguida, os respectivos alimentos usados em cada prato.
P (bucatini alla puttanesca); U (penne tricolor com cogumelo); Y (couve, arroz, farofa e carne de sol); Z (batatas coradas com alho, bacalhau grelhado desfiado, pimentões e cebola).

Miss Bodoni

O calendário criado por David Harris para o ano de 2005 trás, para cada mês, uma pin-up construída usando letras de uma fonte tipográfica. A Miss Bodoni, que abre o calendário (janeiro) é acompanhada do seguinte texto:

“Bela Bodoni, cheia de estilo e sofisticação. Essa estonteante italiana tem curvas voluptuosas e sempre fica melhor assim, como a primeira. Ela freqüentou círculos aristocráticos em seus anos formação (o duque de Parma ficou especialmente impressionado com suas serifas superiores em forma de cálice) e, em seguida, teve uma carreira brilhante, particularmente no mundo da moda. Ela é freqüentemente vista em Paris e Milão, e seu rosto aparece regularmente nas principais revistas de moda.”
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O tipo Bodoni foi criado por Giambattista Bodoni em 1790. Caracteriza-se pelo grande contraste entre suas hastes (traços verticais muito grossos e horizontais muito finos). (Fonte do calendário: http://epica-awards.com).

Zoo tipográfico (6)

De volta ao Zoo Tipográfico. Abaixo, uma raríssima ave pertencente à ordem dos PSI-taciformes. Mais abaixo, pelos, pelos e mais pelos...
 



ABZ das marcas (5)


Os números e a cidade


Diversidade...



...e criatividade.

Luni

Na era pré computador gráfico, um design gráfico, por vezes, envolvia uma trabalhosa produção.


As letras gigantes da capa do álbum (vinil) do grupo Luni, foram construídas em tamanho real. O projeto gráfico é de Guto Lacaz; as fotos, de Rômulo Fialdine.

Cassino Lisboa

Na fachada do Casino Lisboa, as letras se agigantam em forma de luz. Espaço destinado ao lazer e ao entretenimento, o Casino Lisboa localiza-se às margens do Rio Tejo. Foi inaugurado em 2006. (Mais informações sobre o Casino em www.casino-lisboa.pt).


Sssssss

Sssssss é o título de um trash movie americano de 1973, que foi exibido no Brasil (somente na televisão) com o título O homem-cobra. Misto de terror e ficção científica, o filme tem uma temática bizarra e hilariante: um cientista especialista em cobras, Dr. Carl Stoner, acredita que a raça humana está condenada à morte, devido a uma iminente escassez de energia na Terra. A teoria dele é que só os animais de sangue frio (como as cobras) serão capazes de sobreviver. Assim, ele produz um soro que é capaz de transformar homens em cobrassss...


Sssssss deve ser o mais peculiar e original título de filme de todos os tempos: é sugestivo tanto sonora, quanto tipograficamente, pois a letra S é uma forma serpentada. Abaixo, a seqüência inicial do trailer (igualmente trash) do filme.



Vale citar uma das melhores cenas de Sssssss, na qual o Dr. Stoner lê para Harry, sua cobra de estimação, um trecho de Song of Myself, de Walt Whitman:



“Creio que poderia mudar e viver com os animais; eles são tão plácidos e reservados. Eu paro e olho para eles por muito tempo. Eles não sofrem, lamentando-se de sua condição; não ficam acordados no escuro chorando seus pecados; eles não me enojam discutindo seus deveres a Deus. Nenhum deles está descontente; nenhum se preocupa com a mania de possuir coisas; nenhum se ajoelha para o outro, nem para os que viveram há milhares de anos; nenhum deles é respeitável ou infeliz por sobre toda a face da Terra.”



SSSSSSS...

SSSom Livre

Um serpenteio espiralado identificou visualmente os antigos discos de vinil da gravadora Som Livre da década de 1970. A espiral, por si só, é uma imagem recorrente no imaginário psicodélico. Mas a atmosfera psicodélica é reforçada devido à combinação da espiral com o movimento circular do disco.
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Posteriormente, a gravadora adotou um S como marca. Embora a letra S seja, propriamente, uma forma serpenteada, o design do S da Som Livre enfatiza o movimento serpenteado.
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Abaixo, duas outras versões mais recentes da marca da gravadora.

Luz, câmera, letras

Numa das campanhas da operadora de telecomunicações Oi, a expressão Eu posso é escrita com base no princípio da fotografia de alta exposição e o movimento de um ponto luminoso.


Esse mesmo princípio foi usado por Pablo Picasso para a criação da obra intitulada Desenho elétrico (abaixo). A imagem, retirada da extinta revista A Cigarra, seção Panorama do Mundo (Rio de Janeiro, junho de 1950), é acompanhada da seguinte legenda: “Picasso lançou o desenho elétrico, com o auxílio de uma lâmpada incandescente. A câmara em exposição vai registrando os traços nervosos que o discutido artista risca no espaço.”

O artista plástico Paul Klee afirmava que escrever e desenhar são atos idênticos: ambos se dão através do gesto. Assim, pode-se dizer que Picasso também escreveu com luz.

Alfabeto Luz de vela

Alfabeto experimental Luz de vela, de minha autoria, baseado no princípio fotografia/luz/movimento.

 
Diferentemente dos processos utilizados nos exemplos da postagem anterior, o alfabeto Luz de vela foi criado a partir do movimento da câmera fotográfica, não do ponto de luz.
 

ABZ das marcas (4)


Michel Butor e a escrita árabe

“A primeira vez que fui ao Egito, saindo da estação ferroviária fiquei impressionado diante de uma magnífica inscrição árabe. Pouco a pouco percebi que queria dizer Coca-Cola. Fiquei um pouco decepcionado, porque a significação tornava a coisa vulgar. Mas isso não impedia a beleza do desenho.” (Michel Butor)

A essência da obra do romancista e ensaísta francês Michel Butor é a colaboração entre imagem e escritura.

Abaixo, algumas variações do logotipo da Coca-cola pelo mundo.




Singer

Fundada em 1851, a fabricante de máquinas de costura Singer sempre usou uma letra S como marca. Em antigas versões, a marca trazia a imagem de uma mulher entrelaçada ao S, como na placa abaixo.

Superman

O famoso S do universo das HQs – o do emblema do Superman – já foi exaustivamente explorado em diferentes mídias, além da original, impressa. Massificado, o S converteu-se num sinônimo de (super)poder, robustez e vigor.

Cifrão

O peso da imagem do cifrão usada nas peças gráficas de uma greve de bancários faz alusão às idéias de robustez, poder e vigor vistas como opressoras.

Existem diversas hipóteses para a origem do cifrão. A mais curiosa relaciona antigas moedas espanholas cunhadas pelo general árabe Djebl-el-Tarik, após a conquista da Espanha, no ano 711. O general teria mandado cunhar as moedas com uma linha sinuosa, em S, representando o seu tortuoso caminho até a vitória. Cortando essa linha, duas barras paralelas verticais, representando as colunas de Hércules que, segundo a mitologia grega significavam força, poder, perseverança. (fontes: http://super.abril.com.br, http://noticias.terra.com.br e http://www.forum-numismatica.com).

Coincidências gráficas (2)

O cartaz abaixo, do movimento grevista da Confederação nacional dos trabalhadores em educação, usa formas geométricas, cores chapadas e traz um texto em forma afunilada.



O design é uma paródia/apropriação do cartaz criado por Alexander Rodchenko, em 1925. A geometria e o uso de cores chapadas eram característicos do design gráfico russo dos anos revolucionários. Nos primeiros anos da revolução de 1917 na Rússia, os cartazes freqüentemente continham slogans visuais contra o capitalismo; no caso do cartaz de Rodchenko, o slogan é reforçado pela forma afunilada do texto.



A mesma configuração afunilada de texto foi usada na capa do Álbum You Could Have It So Much Better, do grupo escocês Fraz Ferndinand.

Jussara, a sereia

lisses tapou os ouvidos com cera e mandou que o acorrentassem com firmeza ao mastro. Tudo para se defender das sereias. Todos os viajantes poderiam ter feito o mesmo (exceto aqueles a quem as sereias já haviam atraído), mas sabia-se, no mundo inteiro, que isso não ajudaria em nada. O canto das sereias é penetrante; a paixão dos seduzidos arrebentaria muito mais do que correntes e mastro: que dirá um punhado de cera. Nisso, porém, Ulisses não pensou – confiou plenamente em seus artifícios e, com alegria inocente, foi ao encontro das sereias.

As sereias, entretanto, têm uma arma ainda mais terrível que o canto: o silêncio. É imaginável que alguém tenha resistido ao canto das sereias; mas ao silêncio, certamente não. Quando Ulisses chegou, a sereia Jussara não cantou. Ulisses, contudo, e por assim dizer, não ouviu-lhe o silêncio – acreditou que ela estivesse cantando, .e que ele

Texto adaptado do conto O silêncio das sereias (1917) de Franz Kafka. Original em alemão (língua das obras do tcheco Kafka) em: http://www.lumiarte.com/luardeoutono/kafka.
As sereias, segundo a mitologia grega, habitavam os rochedos entre a ilha de Capri e a costa da Itália. Eram tão lindas e cantavam com tanta doçura que atraíam os tripulantes dos navios que por ali passavam. No Brasil, o mito da sereia faz parte do folclore da Amazônia: Iara (mãe das águas) é o nome da sereia brasileira.

Isabella Rosselini

Descrevendo movimentos tais como os de uma sereia, uma sensual letra I itálica foi usada nas páginas de uma edição italiana da revista Vogue, numa matéria sobre a atriz Isabella Rosselini. A revista, de setembro de 1989, teve a direção de arte de Fabien Baron; a fotografia de Isabellla Rosselini é de autoria de Steven Meisel. A imagem abaixo é uma adaptação livre de uma página dupla da revista, reproduzida no livro Tipografia, de Paulo Heitlinger.

Gestos tipográficos

Aqui, os movimentos são de mãos e braços: uma espécie de dança que forma a palavra vogue. (imagem adaptada; fonte da imagem original: http://gad-typeclub.blogspot.com)

Tipografia “digital”

Mais um conjunto de letras criadas com as mãos – mais especificamente com a ponta dos dedos – formas tipográficas literalmente digitais. (fonte da imagem: http://www.hellowman.nl)

ABZ das marcas (3)


Girls that do

Girls that do é um filme erótico de 1967. A imagem abaixo é uma adaptação do cartaz do filme, em que as letras que compõem o título funcionam como janelas.
(cartaz original em: http://www.xratedcollection.com/gallery/xrated).

No cartaz, acima das janelas, o seguinte texto:
BORN TO LOVE AND BE LOVED! THESE ARE THE...

Fruta tipografada (1)

Na esteira dos X-rated movies, que tal saborear uma deliciosa fruta do pecado customizada pela designer gráfica Sarah King (Reino Unido). (Fonte da imagem: http://injoydesign.com).


Helvética fashion

Criada em 1957 por Max Miedinger, o tipo Helvética é uma modernização do Akzidenz Grotesk, do final do século XIX. A Helvética foi a fonte que mais caracterizou o Estilo Internacional suíço. Simples e neutra, a Helvética tornou-se um signo da modernidade, pois é um reflexo da máxima modernista: menos é mais.


Fonte de maior sucesso das décadas de 1960 e 1970, a Helvética é, ainda hoje, exaltada. Já foi tema de livro, Helvetica: Homage to a typeface; e de filme, Helvetica, um documentário de Gary Hustwit (2007), comemorativo do cinqüentenário da fonte.
A fonte também é fashion: aparece em diversas estampas para camisetas; inclusive fazendo referência ao clone Arial (cópia da Helvética criada pela Monotype e lançada pela Microsoft).


Fonte das imagens: http://media.photobucket.com, http://sobredesign.files.wordpress.com, http://www.sambaclub.com.br.

Tabela periódica de tipos

Não por acaso, a Helvética possui o número 1 na criativa Tabela periódica de tipos. Das aulas de química para o universo da tipografia, essa tabela periódica inclui cem tipos numerados de acordo com um ranking, estabelecido a partir da consulta de seis sites especializados (que seguem critérios como os tipos mais conhecidos, ou os mais usados).

Além da numeração, cada célula da tabela traz o nome do tipo, do(s) respectivo(s) designer(s), o ano de criação, a família (e/ou classe), e uma amostra do tipo, que funciona com um símbolo. Fonte da imagem: http://www.squidspot.com

Signo cretense

Segundo Adrian Frutiger, na Antigüidade, a ilha de Creta permaneceu em isolamento quase total (não obstante as relações comerciais com os egípcios e os babilônicos, bem como as migrações várias). Como conseqüência desse isolamento, a cultura cretense desenvolveu um tipo de escrita bastante peculiar e marcadamente figurativa. Um bom exemplo é o signo de braços cruzados, um verdadeiro processo de elaboração intelectual.

Muito provavelmente, esse signo foi a referência para a marca da Campanha do Agasalho do Governo de São Paulo.